A pequena Margaux brincava em uma piscina pública de Union City, em New Jersey, quando viu um homem radiante ao lado de seus dois filhos. Ela não teve dúvidas: juntou-se ao trio com quem passaria uma tarde maravilhosa.
Aquele homem chamava-se Peter Curran e se tornaria uma figura central na vida de Margaux. Quando se conheceram, ela tinha 7 anos. Ele, 51. Peter era simpático, alegre e inteligente. E era pedófilo.
Durante 15 anos, os dois viveram uma relação de abuso e dependência emocional, cheia de ameaças e sentimentos contraditórios. Para Margaux, Peter era uma criança dotada de super poderes, com um cômodo cheio de animais em casa e inúmeras histórias engraçadas. Com ele, tudo era envolto em uma atmosfera lúdica - até os atos mais condenáveis.
Quando Peter, após anos de ameaças, enfim cometeu o suicídio, pulando de um penhasco, Margaux sentiu a necessidade urgente de escrever sobre a história dos dois. Resgatando memórias de um trauma não cicatrizado, ela traça no aclamado Tigre, tigre um perfil perturbador do homem cujas brincadeiras acabariam lhe roubando a infância.