Quatro anos após lançar Agosto, romance em que mesclava história e ficção para narrar os acontecimentos do mês em que Getulio Vargas se suicidou, Rubem Fonseca volta a enfocar um personagem histórico, o célebre compositor brasileiro do século XIX, Antônio Carlos Gomes, autor de óperas como O guarani e Fosca. O romance descreve a partida do compositor de Campinas para o Rio de Janeiro de d. Pedro II, e depois para a Itália, onde encontraria a glória e o fracasso. Vemos, na capital brasileira e no país da ópera, como se constroem e destroem reputações, mas também como um jovem "selvagem", vindo dos trópicos, pode levar sua mistura de música erudita e brasilidade à altura dos maiores nomes da época. Escrito como um estudo para a roteirização de um filme sobre Carlos Gomes, em O selvagem da ópera, como ressaltou Antonio Callado, temos presentes "tanto o Brasil operístico do Segundo Reinado como a sonora Itália do período áureo de Verdi, Wagner (Lohengrin, vaiado no Scala) e Giacomo Puccini". Rubem Fonseca ao mesmo tempo retrata o ambiente artístico do século XIX e narra a história de sucesso e tragédia do principal compositor de óperas brasileiro.